domingo, 27 de setembro de 2009

Só...

Não fui na infância como os outros,
e nunca ví como os outros viam.
Minhas paixões não tirava de fonte igual a deles;
E era outra a origem da tristeza.
E era outro o canto que acordava meu coração para a alegria.

Tudo o que amei, amei sozinho.
Assim, na minha infância, na alba da tormentosa vida,
Ergueu-se no bem, no mal, de cada abismo o meu mistério.

Veio dos rios, das fontes de rubra escarpa da montanha,
do sol que me envolvia em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade.

Daquela núvem que se alterava, só, no amplo azul do céu puríssimo,
ante meus olhos, como um Demônio.

Edgar Allan Poe

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